Com o tempo limitado dos curta-metragens, qualquer atalho para fazer o público embarcar rapidamente na história contada é bem-vindo. É por isso que fazer a fofa versão bebê do Groot (Vin Diesel) a protagonista da primeira série de curtas de animação da Marvel Studios se prova acertada rapidamente em Eu Sou Groot: mal tem início a vinheta da Casa das Ideias que acompanha cada episódio — e que, aqui, ganha uma divertida versão especial — e o espectador já está encantado.
Com cinco filminhos lindamente renderizados de cinco minutos cada, o primeiro ano da produção do Disney+ mostra o garoto-árvore aprendendo a andar, conhecendo uma diminuta civilização alienígena, engajando em uma batalha de dança, tomando um banho inusitado e protagonizando um momento de enorme doçura com outro colega dos Guardiões. São breves, mas preciosos vislumbres em um lado raro do MCU: irreverente, inconsequente e descompromissado.
Como escancarou a chamada Fase 4, é difícil para o estúdio seguir agradando de forma majoritária um público já acostumado a esperar sempre por uma grande saga, mas que após Vingadores: Ultimato (2019) encontra o universo fictício em ponto de recalibragem. Em contrapartida, com o peso narrativo desse passado, é quase impossível proporcionar límpidos bolsões de leveza que não relembrem ainda que indiretamente a iminência de um massivo evento cinematográfico.
Nesse contexto, Eu Sou Groot inspira esperança não só por tornar irrelevante qualquer megalomania do MCU, como também por estrear um formato que pode conferir a mais coadjuvantes de luxo dos filmes a sua chance de brilhar — livres do peso da interconectividade narrativa. Se conduzida com parcimônia e do jeito certo, essa nova empreitada pode ser o tira-gosto perfeito para esporadicamente renovar a boa fé dos fãs em tempos de inevitáveis mudanças.
Que a Marvel se permita ser mais Groot!