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80 anos de Bucky Barnes, o Soldado Invernal

Relembramos a jornada do personagem, que estrelará em breve a nova série da Marvel

Nos quadrinhos, sidekick é o parceiro de aventuras do super-herói principal. Esse nome teria surgido em inglês entre gírias do século 19 para designar o bolso do lado das calças, que seria mais seguro contra furtos do que o bolso de trás; ou seja, o sidekick é sinônimo de confiança.

Qual é a função de deste personagem na ficção? Isso varia, mas sempre parte de uma ideia de contraponto. Ele pode servir de alívio cômico para um herói sério, como é o caso de Sancho Pança, o companheiro de Dom Quixote. Ao contrário, ele pode ser o aliado sério e confiável de um herói imprevisível e temperamental, como acontece com o Dr. Watson, que é o sidekick de Sherlock Holmes. Algumas vezes, a função principal do sidekick é facilitar a identificação do leitor ou espectador, quando o herói principal parece muito distante de nós. É aí que nós chegamos em Bucky Barnes, o Soldado Invernal, que está completando 80 anos de existência neste mês.

Quando se fala em sidekick de super-herói, de quem a gente lembra? Provavelmente de Robin, o Garoto Prodígio, o sidekick mais famoso das HQs, ou então de Wally West, que era o Kid Flash antes de se tornar uma das versões do Flash mais queridas dos leitores. Talvez os fãs não lembrem de Bucky como um ajudante do Capitão América porque, afinal, o Soldado Invernal ganhou uma trajetória própria, mas ele foi concebido nos quadrinhos para ser o aliado sem superpoderes de Steve Rogers, o mascote do acampamento militar que representa o jovem leitor ali dentro, nas histórias.

Origem

ames Buchanan Barnes, ou simplesmente Bucky Barnes, é um nome que o criador do Capitão América, Joe Simon, escolheu para homenagear um amigo de infância. Ele surge na mesma HQ que apresentou o Capitão ao mundo, em 1941, bem no meio da Segunda Guerra Mundial. Bucky vai parar no acampamento Lehigh porque tinha perdido o pai na guerra e, aos 16 anos, já demonstrava grande habilidade no “mano a mano”.

Um dia, ele testemunha os experimentos que o exército estava fazendo com o soro do supersoldado em Steve Rogers e descobre a identidade secreta do Capitão. O Bucky era órfão e três anos mais novo, então talvez ele tenha enxergado no Steve uma figura paterna quando se aproximou do Capitão. O fato é que ele se tornou um aliado valioso em ação, porque sempre sujava as mãos com truques que o Steve não podia se permitir, por causa do rigor das regras militares.

Ao longo da era de ouro dos quadrinhos, embora tenha participado de equipes importantes como os Invasores, Bucky raramente chamava a atenção nas histórias justamente porque ele fazia o papel do ajudante. Com o final da Segunda Guerra, o mercado de HQs de super-herói como um todo deu uma caída e, em 1947, os editores decidiram promover no lugar do Bucky uma personagem feminina como sidekick, Betsy Ross, que já existia na HQ do Capitão desde o início mas agora ganhava uniforme e se tornava a Golden Girl. O problema é que todo o tema da Segunda Guerra ficou meio datado. As vendas não cresceram e, em 1954, Bucky foi colocado na geladeira, assim como o próprio Capitão América.

Retorno

A história que se consagrou e que conhecemos até hoje, na qual Bucky termina desaparecido depois da explosão de um avião em missão contra a HYDRA, nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, foi o pretexto que a nova Marvel Comics usou em 1964 para explicar a ausência do herói das HQs nesses 10 anos. De um lado, tínhamos o Capitão América despertado do sono de gelo para liderar a equipe dos Vingadores. Do outro, Bucky acabou virando passado, e ele voltava nos quadrinhos apenas em flashbacks para recontar histórias ao lado de Steve Rogers no tempo da guerra. Ou seja, Bucky era praticamente o Tio Ben do Homem-Aranha: uma peça das origens do herói que ficou enterrada na memória, e ninguém acreditava que ele um dia poderia ser ressuscitado pela editora.

Mas tudo muda com a chegada dos comunistas! No MCU, o corpo de Bucky em 1945 é recuperado pela HYDRA, que então cria o projeto do Soldado Invernal, mas nos quadrinhos essa operação toda é feita pelos russos depois que um submarino espião soviético descobre o corpo do Bucky congelado no oceano, com o braço esquerdo completamente destroçado. Os comunistas conseguem reviver Bucky, que fala quatro idiomas mas não tem memória nenhuma de sua vida passada; a única memória que ele tem de sobra é a muscular, já que seus reflexos continuam mais ágeis do que nunca. Tudo o que os russos precisaram fazer foi criar o braço mecânico e implantar novas memórias para tornar Bucky obediente ao ideal soviético.

O roteirista responsável pela criação do Soldado Invernal se chama Ed Brubaker. Depois de trabalhar principalmente com HQs criminais de mistério e assassinato nos anos 90, Brubaker, não por acaso, pegou seu primeiro grande super-herói na DC em 2000 assumindo HQs policiais do Batman. Ele já curtia escrever histórias com teor político, e quando o seu contrato de exclusividade com a DC terminou, ele mudou para a Marvel no final de 2004 já assumindo de cara a série principal do Capitão América, um personagem que na época patinava no meio das muitas sagas da editora. Brubaker foi sucesso de público e crítica logo de cara, e acabou ficando oito anos escrevendo histórias do personagem. A decisão de ressuscitar Bucky meio como vilão, meio como um anti-herói, foi primeiro muito mal recebida pelos leitores e fãs, mas a qualidade da história falou mais alto e o Soldado Invernal é o grande legado deixado por Brubaker na Marvel Comics.

Outro grande legado do roteirista é a morte de Steve Rogers, contada entre 2007 e 2008. Quando o Soldado Invernal é escolhido para ser o novo Capitão América nos quadrinhos, ninguém questionou essa decisão, com exceção de alguns heróis como o Gavião Arqueiro, porque afinal a jornada de Bucky Barnes acompanha a de Steve Rogers desde o primeiro dia. Se Bucky no fim devolve o escudo, é muito mais por causa dos seus pecados do passado do que pelo presente.

É muito provável que o Bucky dos filmes e agora da nova série da Marvel, Falcão e o Soldado Invernal, também tenha que viver para sempre acompanhado da sombra do seu passado. O ator Sebastian Stan conseguiu com seu carisma dar uma nova dimensão para o personagem, muito ajudado pelo talento dos irmãos Joe e Anthony Russo em criar ótimas sequências de luta para o Soldado Invernal nos filmes do Capitão América. Porém, será que um dia o Bucky do MCU será capaz de herdar o escudo?

Se eu tivesse que apostar, diria que ele tem mais chances de se tornar o Lobo Branco de Wakanda, como foi sugerido no final de Vingadores – Guerra Infinita. Nos quadrinhos, o Lobo Branco também era um órfão, assim como Bucky, que se torna o primeiro imigrante aceito em Wakanda. Se o que o Soldado Invernal precisa é recomeçar a vida do zero, com novas memórias e novas motivações, nada mais justo que ele ganhe essa segunda chance. Os fãs certamente vão apoiar.

Falcão e o Soldado Invernal estreia no Disney+ em 19 de março.

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